terça-feira, 27 de junho de 2006

Afinidade é um dos poucos SENTIMENTOSQUE RESISTEM AO TEMPO E AO DEPOIS
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,delicado e penetrante dos sentimentos.É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

Arthur da Távola


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terça-feira, 20 de junho de 2006

A Lição do Limite:: Izabel Telles ::
Você já notou como algumas pessoas têm uma tendência a confundir a expressão dos sentimentos que surgem nos diálogos que estabelecemos no dia-a-dia com elas?Muitas vezes a nossa compaixão é confundida com um toque de permissividade e, quando vemos, somos ultrapassados por acontecimentos que soam ao nosso coração como traição, falta de respeito pelo nosso tempo e espaço, roubo de nossas idéias e criações. Se nos mostramos disponíveis e abertos corremos o risco de nos tornarmos aquele que é chamado para fazer tudo, acudir a família e os amigos, causando reações de mágoa e ressentimento quando não nos mostramos tão disponíveis assim.Não sei se você está entendendo o que quero dizer.No trabalho, por exemplo, por sermos mais rápidos e práticos, conseguimos resolver os desafios de forma mais dinâmica. Isso pode nos tornar, aos olhos do chefe, como aquele que vai ter que encarar todos os problemas que os outros não conseguem. E, aos olhos dos colegas nos tornamos o fominha, o sabe-tudo, o bom de bola, ganhando não só uma montanha de trabalho, como o desprezo daqueles que não conseguem fazer.Estar aberto e disponível ao mundo e às pessoas tem seus riscos. Sabe por quê? Porque algumas pessoas desconhecem limites e não pensam duas vezes em depositar nas costas do outro suas necessidades, suas frustrações e expectativas.Por isso é preciso saber se posicionar frente a tudo e todos. A lição do limite é algo que temos que aprender rapidamente.E quando falo em limites estou falando alto para eu ouvir também. Aprender a dizer não pode ser uma coisa muito saudável. Mas é, acima de tudo, corajosa.Como a maioria de nós foi criada com o sentimento cristão da caridade ilimitada, e quando trilhamos o caminho da espiritualidade isso pode ficar ainda mais profundo, corremos o risco de confundir compaixão e amor incondicional com permissividade sem limites.Ninguém veio ao mundo para servir a outro ser humano. Servimos se esta for a nossa decisão. Se este for um desejo de entrega do coração. A tênue linha aqui é não deixar que os outros se sirvam de nós e nos usem como se fôssemos seu ouvido particular ou seu poço dos desejos, trazendo até nós tudo que os aflige, levando toda a nossa energia.O universo nos dá todos os dias a lição da troca, do equilíbrio. O pássaro tem liberdade total de comer o fruto - desde que ele deixe a semente num outro lado do campo para que esta semente germine e a espécie se preserve. A semente germina e cria condições para que mais pássaros se alimentem e assim por diante. Há uma cadeia de trocas euma seqüência harmoniosa de vida.Assista os movimentos que acontecem ao seu redor e veja como esta troca entre os seres humanos anda muito injusta. Milhares de pessoas usando outros milharesapenas para manter seu conforto, bem estar e riqueza material. Para não deixar de sentir prazer. Para evitar o desconforto que nos faz refletir, crescer, encontrar saídas criativas para as nossas vidas.Dói profundamente constatar que uma multidão faminta, escrava de sua ignorância, de sua falta de visão e espaço, puxe com sua força física as carruagens dos reis indolentes que, refestelados, só querem colher aquilo que é doce e fácil.Já diziam os mestres: ninguém pode crescer em direção à luz fazendo sombra ou causando algum prejuízo ao seu semelhante (e quando falo semelhante me refiro a tudo que está VIVO no Universo).
Izabel Telles é terapeuta holística e sensitiva formada pelo American Institute for Mental Imagery de Nova Iorque. Tem três livros publicados: O outro lado da alma, pela Axis Mundi, Feche os olhos e veja e O livro das transformações pela Editora Agora. O que são as Imagens Mentais?VISITE MEU SITE Faça o Exercício da cura da almaEmail: izabeltelles@terra.com.br

sábado, 17 de junho de 2006


"Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinham da vizinhança, da casa de Bete
mocinha linda, que usava tranças.
Levei apenas uma hora para saber o motivo.
Bete fora acusada de não ser mais virgem e os
irmãos a subjugavam em cima de sua estreita
cama de solteira, para que o médico da
família lhe enfiasse a mão enluvada entre as
pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra.
Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas
a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou
nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém
sabe como, nem com quem.
Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou
escapar, saltando o muro alto do quintal da sua
casa para se encontrar com o namorado.
Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu
passar no exame ginecológico.
O laudo médico registrou vestígios himenais
dilacerados, e os pais internaram a pecadora no
reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo.
Realmente; esqueceu, morrendo tuberculosa.
Estes episódios marcaram para sempre e a minha
consciência e me fizeram perguntar que poder é
esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?
Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar.
Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos
estereótipos.
Todos vimos, na televisão, modelos torturados por
seguidas cirurgias plásticas.

Transformaram seus seios em alegorias para
entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas.
Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem
rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.

Substituíram os narizes, desviaram costas,
mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda
do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.

E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres -as baixinhas, as
gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima.
Isso exatamente no momento em que a maioria de
estudantes universitários (56%) é composta de moças.

Em que mulheres se afirmam na magistratura,
na pesquisa científica, na política, no jornalismo.
E, no momento em que as pioneiras do minismo
passam a defender a teoria de que é preciso
feminilizar o mundo e torná-lo mais distante
da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.
Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade.
Até porque elas são desarmadas pela própria natureza.
Nascem sem pênis, sem o poder fálico da
penetração e do estupro, tão bem representado
por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais.
Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas.
Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para
fortalecer sua virilidade e violência.
As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.
Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de
sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.
É preciso voltar os olhos para a
população feminina como a grande articuladora da paz.
E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher.
Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa.
Respeito aos seus seios que perderam a firmeza
porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.
Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas.
São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e
puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
"Nem toda feiticeira é corcunda.
Nem toda brasileira é só bunda."

Rita Lee


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sexta-feira, 9 de junho de 2006

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Por Quem os Sinos Dobram (Raul Seixas)

Nunca se vence uma guerra lutando sozinho,Você sabe que a gente precisa entrar em contato,Com toda essa força contida
e que vive guardada,O eco de suas palavras não repercute em nada,É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro,
Evita o aperto de mão do possível aliado,Convence as paredes do quarto e dorme tranqüilo,Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo,Coragem, coragem. Se o que você quer aquilo que pensa e faz,
Coragem, coragem, que eu sei que você pode MAIS.



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