sábado, 2 de junho de 2007

Eu os maldigo com o mesmo fevor,mesmo que com menos talento!!


Arnaldo Jabor - Estamos nos deformando com os escândalos nacionais


O Globo
22/5/2007

Sinto muito, mas a foto daquela ponte entre o nada e o nada, nos jornais, as encostas de lama que não foram nem tocadas pelas repulsivas empreiteiras que receberam milhões para contê-las me paralisaram na depressão. Não tenho mais forças para clamar pela razão, pela Lei, pela decência, em um país desmoralizado como este. Acho que não adianta nada. Por isso, vou me repetir. Publico, abaixo, uma nova versão, revista e atualizada, de um texto aqui escrito, um ano e meio atrás. Repito-me, como a sordidez e a impunidade se repetem. Nada acontecerá com esses cães do inferno. Nada. Só nos restam as maldições.

Aqui vão:

Malditos sejais, ó, mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, trampistas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas mentiras, patranhas, marandubas, fraudes, lérias e aldravices se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, cus, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarréias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, prostitutas, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.

Malditos sejais, ladrões, gatunos, pichelingues, unhantes, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais mais da metade de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes vos traiam e contaminem com as mais escabrosas doenças e repugnantes furúnculos!

Malditos sejais, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas breubas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas embolsadas como a do Marinho, naquele gesto eternizado na TV, até essa doença nacional chamada Maranhão, onde vos enquistais há quarenta anos, no revezamento sinistro de negociarrões com empresas-fantasmas em terrenos baldios, até a rapinagem de todas os mínimos picuás dos miseráveis.

Malditas sejam as caras de pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos, imunda honradez ostentada, gélido cinismo, baseado na crapulosa legislação que os protege há quatro séculos, por compradiços juízes, repulsivos desembargadores, fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos! Que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão por vossa ridícula sisudez esclerosada com que justificais liminares e chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca-do-boi de nossas prisões!

Malditos sejais, burocratas, sicofantas, enfiados na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos processos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!

Malditas sejam também as "consciências virginais", as mentes "puras"; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas, que se "escandalizam" com os horrores, mas nada fazem.

Maldita seja também a indiferença narcisista de Lula, déspota sindicalista que vive da herança bendita que recebeu e não mete a cara para mudar a legislação das licitações, das concorrências públicas, criando métodos de transparência legal à vista da população, pois ele não quer fazer nem reformas nem marola e perder seu sossego. Que gordas sanguessugas e carrapatos carcomam seus bonés, barretes, toucas e infectem sua barba de estadista deslumbrado.

Malditos também os que desejam trazer de volta a irresponsabilidade fiscal , malditos anjos da cara suja, malditos espertos fugitivos da cassação, anatematizados e desgraçados sejam os que levam dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o "amor ao povo" para justificar suas ambições fracassadas, malditos severinos que rondam ainda, malditos waldomiros e waldemares que rondam ainda, malditos bolchevistas que agora são arroz-de-festa de intelectuais mal informados; malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho Atraso pustulento, em nome de suas ideologias infantis!

Se eles prevalecerem, voltará o dragão da Inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça, e a prostituta do Atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações. E ela, a besta do Atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres e em sua testa estará escrito: "Mãe de todas as meretrizes e Mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país".

Só nos resta isso: maldizer.

Portanto: que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vingadores vos exterminem para sempre!
“- Bem, diga então às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso... Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano”.

Marilyn Monroe (1926-1962)


* Quando li fiquei pensando...mesmo sem popularidade,beleza ou qualquer sucesso na vida,pessoal ou profissional também saõ muito poucas as que conseguem,alguma grandeza moral,nesse mesmo circo!! Acho que o trapézio estaria mais equilibrado sobre outros valores...e isso se tem ou Não tem !