quinta-feira, 11 de maio de 2006

SÓ FREUD EXPLICA ESSA MULHER

O psicanalista Celso Gutfreind, autor de O TERAPEUTA E O LOBO, garante que há mais coisas na relação entre mãe e filha do que a gente imagina. Por isso, é preciso chamar o pai!
QUAL É A HERANÇA EMOCIONAL QUE A MÃE DEIXA PARA OS FILHOS?
A herança compreende aspectos genéticos e projeções da vida emocional dela, tanto positivas como negativas. Isso inclui tudo o que não foi verbalizado, nomeado, compreendido e se manteve em segredo na família, às vezes por várias gerações, como um luto não elaborado.
O QUE FAZER, COMO MÃE, PARA NÃO PISAR MUITO NA BOLA?
Não se trata de pisar na bola, mas, sim, de obter ajuda para jogar melhor. Vivemos numa sociedade que ainda cobra demais da mulher e
sabemos quanto é difícil ser mãe.
O FAMOSO COMPLEXO DE ÉDIPO É INSPIRADO NUM MITO GREGO: O FILHO MATA O PAI E CASA COM A MÃE.
ISSO TEM A VER COM A RELAÇÃO DE MÃES E FILHOS NOS DIAS DE HOJE?
Sim, mas, como no mito, são necessários três personagens. A presença do pai, ou de uma figura masculina importante, seja avô, tio ou padrasto,
é a garantia de que as fantasias ficarão no plano das fantasias. Faz parte da vida psíquica o desejo de amar e de matar o pai,
mas isso fora do mundo real. A figura paterna também evita os prejuízos de uma relação exclusiva com a mãe, que, muitas vezes,
sufoca e superprotege.
COMO FICA O COMPLEXO DE ÉDIPO PARA AS MENINAS?
Depois de um tempo, as filhas trocam de objeto de desejo: elas passam a admirar o pai e a concorrer com a mãe. Faz parte de seu amadurecimento, daí a importância da figura masculina.
DIZEM QUE A MÃE SEMPRE SE SENTE CULPADA E QUE É COMUM ELA USAR A CULPA PARA CHANTAGEAR EMOCIONALMENTE OS FILHOS.
DÁ PARA ESCAPAR DESSA CILADA?
Se a mãe repassa para os filhos o seu sofrimento, é porque não encontrou outros espaços para elaborá-lo. Se abrir esses espaços, cria condições para escapar da cilada.Precisamos todos ser ouvidos, compreendidos. Caso contrário, despejaremos nossos fantasmas nos outros, incluindo os filhos.

Fator mãe
Não importa se ela faz o gênero amiga, exigente ou culpada. Em qualquer caso, a influência da mãe é decisiva na vida da filha
Paula Taitelbaum

MÃE E FILHA são dois seres que fazem parte um do outro, mas que, na maioria das vezes, não conseguem se conectar totalmente.
É uma relação que mistura afeto, proteção, dominação e dúvidas e que, certamente, também faz parte do seu mundo. Afinal, como diz a letra de Arnaldo Antunes na voz de Adriana Calcanhoto: "SAIBA: TODO MUNDO TEVE MÃE / ÍNDIOS, AFRICANOS E ALEMÃES / NERO, CHE GUEVARA, PINOCHET / E TAMBÉM EU E VOCÊ... " Quem nunca brigou com a mãe que atire a primeira pedra. Uma irritação aqui, uma birra ali, uma discussão acolá é muito mais do que aceitável, é normal. Principalmente naquele período em que a gente não sabe se vai ou se fica: a célebre adolescência.
Época em que o "eu sou sua mãe" já não basta para segurar uma garota em busca de auto-afirmação. Ao contrário, pode soar como o estopim para uma rebelião doméstica. E muitas vezes lá se vai a filha sem permissão, mas cheia de razão.

Reportagem da Revista Claudia-texto completo:uol.com.br

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